terça-feira, 20 de setembro de 2011

Deixa andar



E se alguém vier dizer-te que te amo, 
não acredites, não ligues, deixa andar. 
É fantasia minha, sem sentido nem lugar, 
bebedeira de Absoluto a curto prazo, sem pertença. 
Já nem eu sei se de tanto sou capaz. 
Não sei se estou longe de ti, aqui onde te guardo, 
se estou contigo na infinita distância 
que vai de um ser a outro, e nos separa. 
Ter palavras e ter cara parece que não basta. 
Há sempre um silêncio grosso entre as pessoas. 
Se a vida nos sustenta, se nos tenta, 
e, depois, nos atraiçoa e não compensa, 
 porque nos nascem sonhos como doença 
que só o tempo, como a tudo o resto, cura?

 In 44 POEMAS (Fonte da Palavra, 2011)



Roubado daí: http://www.facebook.com/pages/Quem-l%C3%AA-Sophia-de-Mello-Breyner-Andresen/112890882080018

2 comentários:

Ivan Fornerón disse...

Olá!
Foi numa desas andanças sem pés entre blogs que descobri o seu. Acabei por adicioná-lo à minha página, e quero dizer apenas que gosto muito dos seus textos e imagens!

Saudações,

Ivan

Guidinha Pinto disse...

Obrigada.