quarta-feira, 21 de março de 2012

CANTIGA DOS AIS, no Dia Mundial da Poesia



Os ais de todos os dias, os ais de todas as noites. Ais do fado e do folclore, o ai do ó ai ó linda. Os ais que vêm do peito, ai pobre dele, coitado que tão cedo se finou! Os ais que vêm da alma. Ais d'amor e de comédia, ai pobre da rapariga que se deixou enganar? ai a dor daquela mãe. Os ais que vêm do sexo, os ais do prazer na cama. Os ais da pobre senhora agarrada ao travesseiro ai que saudades, saudades, os ais tão cheios de luto da viúva inconsolável. Ai pobre daquele velhinho: _ai que saudades menina, ai a velhice é tão triste. Os ais do rico e do pobre ai o espinho da rosa os ais do António Nobre. Ais do peito e da poesia e os ais de outras coisas mais. Ai a dor que tenho aqui, ai o gajo também é, ai a vida que tu levas, ai tu não faças asneiras, ai mulher és o demónio, ai que terrível tragédia, ai a culpa é do António! Ai os ais de tanta gente? ai que já é dia oito ai o que vai ser de nós. E os ais dos liriquistas a chorar compreensão? ai que vontade de rir. E os ais de D. Dinis Ai Deus e u é? Triste de quem der um ai sem achar eco em ninguém. Os ais da vida e da morte Ai os ais deste país?

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