terça-feira, 13 de julho de 2010

A minha Morte

Eu quero, quando morrer, ser enterrada
Ao pé do Oceano ingénuo e manso,
Que reze à meia-noite em voz magoada
As orações finais do meu descanso…

Há-de embalar-me o berço derradeiro
O mar amigo e bom para eu dormir!
Velei na vida o meu viver inteiro,
E nunca mais tive um sonho a que sorrir!

E tu hás-de lá ir… bem sei que vais…
E eu do brando sono hei-de acordar
Para teus olhos ver uma vez mais!

E a Lua há-de dizer-me de voz mansinha:
- Ai, não te assustes… dorme… foi o Mar
Que gemeu… não foi nada… ‘stá quietinha…

In Esparsos de Florbela.
Foto da minha autoria.

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