segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Poema do gato

Foto retirada da net: Ernest Hemingway Collection, JFK Presidential Library and Museum

Quem há-de abrir a porta ao gato quando eu morrer?
Sempre que pode foge prá rua,
cheira o passeio e volta pra trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada (pobre do gato!)
mia com raiva desesperada.
Deixo-o sofrer que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre pra mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo
e acaricio-o num gesto lento, vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados,
em êxtase, ronronando.
Repito a festa, vagarosamente
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas, cerra os olhos, abre as narinas.
E rosna.
Rosna, deliquescente, abraça-me e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
Quem lhe abriria a porta quando eu morresse?

Para a Sarita, que se iniciou agora no mundo blogueiro e gosta de gatos.

2 comentários:

Sarita disse...

Adorei!!!!!!!!!!!!
Beijinhos
Sarita

Guidinha Pinto disse...

Fico contente.
Beijo.